terça-feira, 24 de maio de 2011

DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA - PRINCIPAIS RECURSOS

Muitas das documentações pedagógicas nas instituições de educação ainda são confundidas com a “observação da criança”.
Para uma melhor compreensão Dahlberg, Moss e Pence (2003) nos ajudam a distingui-las. Segundo os autores o propósito da observação é avaliar o desenvolvimento psicológico infantil em relação às categorias já predeterminadas e produzidas a partir da Psicologia. Já a documentação pedagógica é nada mais que um processo que tenta visualizar e entender o que está acontecendo no trabalho pedagógico e o que a criança é capaz de fazer sem qualquer estrutura predeterminada de expectativa e normas.
Quando documentamos estamos construindo uma relação com as crianças, incorporamos nestes documentos nossos pensamentos implícitos daquilo que consideramos ações valiosas da prática pedagógica. A documentação traz vivências e saberes que construímos com as crianças.
Ainda de acordo com os autores a documentação pedagógica é vista como um conteúdo sendo ele um material que registra o que as crianças estão dizendo e fazendo, este material pode ser produzido de várias maneiras e assumir várias formas. Como por exemplo, observações manuscritas do que se é dito e feito ou até mesmo registros em áudio e vídeo, tais como fotografias, gráficos de computador, o próprio trabalho das crianças, tais como arte em atelier. Sendo assim este material se torna um material pedagógico concreto. A documentação pedagógica pode ser vista como um processo de ensino e aprendizagem.
Ao fazer o relato de uma atividade, por exemplo, o professor pode utilizar diferentes maneiras de produzi-lo. Com as crianças maiores, pode montar um relato parecido com um texto coletivo. Juntos, crianças e professores podem elencar o que as crianças precisam destacar durante suas falas, tal como foi a atividade, os materiais que utilizaram, com o que cada criança contribuiu. Esse tipo de relato pode ser elaborado também pelo professor, destacando a participação de cada criança individualmente ou até mesmo do grupo todo, dependendo do tipo da proposta.
As fotografias e vídeos são materiais riquíssimos para a documentação pedagógica, através deles percebemos detalhes que durante a atividade podem ter passado despercebido. Um cartaz de fotos da exploração de um material, por exemplo, muitas vezes não necessita de relatos, pois os registros das expressões das crianças estão claros nas fotos. O mesmo acontece com os vídeos, que podem ser de momentos de rotina diária, como uma brincadeira espontânea, uma contação de histórias ou até mesmo dramatizações, registrando a montagem do cenário e dos objetos, os ensaios e posteriormente a peça final.
Os registros feitos pelas crianças através de desenhos e obras representam o que ela percebeu perante o que foi apresentado, bem como suas falas. Essas falas registradas não devem ser apenas do aprendizado da criança perante a atividade, mas sim de seu conhecimento prévio, de suas dúvidas e suas conclusões.
Cabe ao professor utilizar diferentes maneiras os métodos de registros, adequando-os ao seu grupo, distinguindo as características individuais e coletivas das crianças.

Referências:

DAHLBERG, G.; MOSS, P.; PENCE, A. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Tradução Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003.


Academicas:
Anelize Baumgartner
Bruna Carla Dias
Maitê Thais Lohse
Silvia Calixto
Vanessa Schramm

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Praticas Pedagógicas

Práticas Pedagógicas- Construção da Árvore Ecológica.
Acadêmicas:

Angélica Licinio Machado
Katia A. de Lima
Mayara Schramm
Mirele Corrêa
Silvia Buzana

Essa prática pedagógica aconteceu na sexta fase do curso de Pedagogia num Espaço de Educação Infantil com a turma do Jardim II (seis anos), trabalhamos com as crianças o tema Meio Ambiente dando continuidade ao assunto ministrado pela professora regente.
Sentamos no grande grupo e discutimos formas e estratégias de conscientização e respeito pela natureza e como as crianças têm um papel fundamental para a transformação da mentalidade de preservação. Assim saímos pela instituição e procuramos os mais diversos tipos de lixo, tanto lixo orgânico ( cascas e restos de alimentos) como lixo inorgânico( plástico, vidro, papel...), separando-os adequadamente conforme os gêneros.
Levamos para a sala um pedaço de papel pardo grande, e colamos nele um galho de árvore. De um lado as folhas verdes e bonitas da planta e do outro todo o lixo que colhemos, cada criança teve a oportunidade de colar um dos matérias que recolheu na instituição. Vimos como os lixos estavam sujos e degradados devida a má conservação e a sua separação inadequada.
Pedimos que por um instante as crianças observassem aquela árvore que construímos juntas, a diferença da beleza e da vida representada nos dois lados da planta, os dois sentidos que a vida pode tomar, voltando a observação para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio natural e social (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, 1998). Depois da observação muitas crianças relataram como seus pais ou vizinhos fazem a separação do lixo doméstico, e que realmente não há essa preocupação da separação correta desses materiais. Realizaram perguntas sobre o que acontece com o lixo e relataram algumas de suas teses.
“ Desde muito pequenas, pela interação com o meio natural e social na qual vivem, as crianças aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas ás suas indagações e questões. Como integrantes de grupos socioculturais singulares, vivenciam experiência e interagem num contexto de conceitos, valores, idéias, objetos e representações sobre os mais diversos temas a que têm acesso na vida cotidiana, construindo um conjunto de conhecimentos sobre o mundo que as cerca.” (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil p. 163, ano 1998.)
Deste modo as crianças conseguiram compreender a importância da preservação do meio ambiente, e que é a partir deles que pode-se mudar a perspectiva de proteção e conservação da natureza, que é preciso fazer algo para que a próximas gerações venham desfrutar e usufruir das grandes riquezas naturais que o nosso país possuí, e que infelizmente muitas dessas riquezas já não estam disponíveis ou estam desaparecendo.
Para finalizar cantamos a música A árvore da montanha com o auxilio do CD, sendo que as crianças dramatizavam a letra da música, realizando improvisadamente os gestos que achavam adequados. Ampliando também seu repertório musical, resgatando as cantigas de roda.Sendo uma das formas importantes de expressão humana, a promoção da interação e comunicação social.
Referencias:
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, ano 1998.
Educação Infantil, pra quê te quero?, CRAIDY, Carmem- Porto Alegre- RS, 2001.

O direito de brincar

O brincar e a legislação


O termo infância existe a mais de 200 anos e nesse período seu conceito e sua concepção veio sofrendo avanços e retrocessos que foram pensados, discutidos, construídos e reconstruídos em prol ao respeito da criança. Hoje em dia, a infância é encarada de forma idealista, como idade de inocência, período de grandes potencialidades humanas, progressão linear e sujeito a mudanças contínuas e graduais, cumulativas e também previsíveis. São maneiras de convivência entre adultos e crianças que levam em consideração valores, costumes e ideais da comunidade e como o mundo da infância é caracterizado por diferentes culturas e momentos históricos, os seus direitos também são diferentes.

Na Constituição de 1988, consta o reconhecimento dos direitos da criança e de sua necessária proteção integral, além de ser reconhecida como ser humano e como pessoa em desenvolvimento, merecedora dessa proteção, ela deve ser prioridade para a família, sociedade e Estado, tendo uma atenção privilegiada.

A Constituição é clara em relação aos direitos fundamentais da criança: dignidade, educação, saúde, lazer, alimentação, profissionalização, cultura, respeito à vida, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, assim sendo, estes deveres também devem ser respeitados e efetivados pela família, comunidade e Estado.

Com o passar do tempo os direitos vêm se concretizando, porém o processo ainda está bem devagar, basta olhar para a realidade brasileira, pois as escolas têm conhecimento deles, têm o dever de aplicá-los no cotidiano infantil, entretanto sua efetivação ainda não foi conquistada por inteiro.
A Constituição de 88 avançou de forma significativa quando declarou que os valores da liberdade, do respeito, e da dignidade são direitos fundamentais da criança e do adolescente, elencados também no corpo jurídico do Estatuto da Criança e do Adolescente.


A criança e o seu direito de brincar


A instituição escolar tem o dever de assegurar os direitos da criança, efetivando-os a partir de ações concretas, de mudança de postura e de transformação. É um lugar propício da condição de criança-cidadã, onde o educador é o mediador, considerado como um agente competente e promotor desses direitos. Quando se fala em criança-cidadã, é relevar principalmente que a criança tem o direito de brincar e não a trabalhar.

Considerando que brincar é um direito de liberdade, é fundamental para o desenvolvimento dos indivíduos da pequena infância, devido a sua formação simbólica. Esse direito de brincar deve ter apoio total do educador no contexto escolar, tendo a responsabilidade de garantir o melhor interesse da criança-cidadã.

Para que a criança se desenvolva de forma plena e saudável, ela precisa brincar e propiciar sua liberdade, além de testar, conhecer e reconhecer seus interesses, desejos e vontades, através de estímulos, apoio e respeito do adulto.

Garantir o direito de brincar significa promover o bem-estar da criança e a valorização de sua individualidade como pessoa cidadã desde o seu nascimento. É brincando que a criança forma sua personalidade, sua identidade pessoal, o que também possibilita sua liberdade de escolha e de ação conforme suas próprias motivações. Esta liberdade precisa ser administrada pelo educador, no qual estimula regras, pois nem sempre se pode fazer o que se quer e o que se tem vontade, é preciso aprender a ser livre pelo acatamento de limites e de leis sociais. O que se quer dizer com a liberdade de brincar é na verdade que a criança seja autora de suas escolhas, de seus interesses, não que seja uma “Maria vai com as outras”, que ela possa formar seus conceitos em relação às coisas ao seu redor e construir sua autonomia com sua própria lógica.

A liberdade que as crianças precisam experimentar na brincadeira para que ela possa desenvolver suas habilidades, permite-lhe expressar também sua sinceridade e a não-submissão às possíveis formas opressoras do mundo adulto. Os educadores precisam ser livres para conversar e relembrar seu passado (ainda quando criança), pois é a partir disso que se define sua prática, ou seja, se ele teve uma infância marcada pela convivência em grupos de brincadeiras, certamente suas aulas serão baseadas em suas experiências positivas, entretanto, se o educador teve uma infância “pobre” no sentido de brincar e de ser estimulado para tal, ou ele reproduzirá o que aconteceu com ele ou então irá desejar superar o seu passado e fazer tudo o que não foi feito com ele.

Assim como qualquer ser humano, a criança e o adolescente são merecedores de respeito em função de sua dignidade, a qual nunca decai porque é o fundamento do Estado Democrático de Direito, segundo a Constituição Federal de 1988. A dignidade de uma criança constitui um valor insubstituível dentro do ordenamento jurídico brasileiro que a reconhece como pessoa e não como coisa e isso pode ser traduzido no fundamento de que ela não é um meio para se atingir a adultez, mas um fim em si mesma.

Para que a criança possa brincar, desenvolver habilidades, potencialidades, criar conceitos e também sua identidade e personalidade, ela precisa dispor de tempo no cotidiano escolar, estipulado pelo educador, libertando a criança, na medida do possível, para que ela possa governar a si própria e de ser ela própria. Além disso, é preciso dar às crianças condições adequadas, sem pressa, sem controles, sem preocupações, para que possam errar, dizer bobagens, fazer ironias, exatamente como fazemos nós, os adultos e o professor fica então responsável, funcionando como uma espécie de agente promotor desse direito, o direito de brincar.

As crianças estão em constante formação de sua própria identidade e em diversos momentos é necessário que o adulto tome as rédeas em determinadas situações para conduzi-las a um mundo com códigos sociais de poder. O jogo também ajuda nesta formação, pois sem ele sua desvalorização desvia a personalidade da criança. Além da convivência com diferentes gerações, por meio de trocas de experiências.

Com o brincar a criança descobre o mundo ao seu redor e ensina ao adulto verdades que ele não quer ver ou ouvir no dia-a-dia. Para que o brincar aconteça naturalmente são necessários locais adequados, tempo e tranqüilidade para que a criança construa de forma mais produtiva. E não somente na educação infantil esse brincar deve ser prioridade, mas a escola deve disponibilizar esse direito a todos, pois os jogos exteriorizam o estado da criança e sua futura personalidade.

O jogo é mediador de desejo, satisfação e expressão, mas que já é considerado uma espécie ameaçada. Sendo considerado por muitas pessoas algo sem importância para a educação, pois a sociedade quer que as crianças estejam aptas a sua independência perante a realidade da vida. Segundo Bettlheim, a brincadeira é uma ponte para a realidade. A brincadeira e o jogo são elaborados culturalmente, passados dos adultos para as crianças e adequados de acordo com sua região.

Referência: FRANCO, RAQUEL R. A fundamentação jurídica do Direito de Brincar. Ano 2008.